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"Memória", por Maria Helena RR de Sousa*

...Somos uma Democracia. Sofremos vários golpes para chegar até aqui. Não queremos retroceder e, para isso, é preciso muita atenção, impedir que o Governo Federal ponha tudo a perder...

28.11.2014  |  557 visualizações
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 28 de novembro de 2014


O discurso de dona Dilma no dia de sua reeleição já era um tanto ou quanto diferente das palavras que proferiu em sua já tristemente célebre campanha eleitoral.

Poucos dias se passaram para que ela começasse a desmentir o que dissera com tanta empáfia ao seu oponente, sempre com aquele tom de voz e muxoxo de quem despreza o pensamento do outro por se achar o gênio que saiu da garrafa.

Não sei, nem consigo avaliar, que tipo de enlevo ocupa o cérebro do candidato a ponto dele só 'reencarar' a realidade acabada a festa. Deve ser uma espécie de embriaguez a seco.

Mas quando dona Dilma deu de frente com a herança de si mesma, fez o que lhe cabia fazer: começou a cuidar de salvar o que lhe restava de governo e de Brasil.

Você é daqueles que se aborrecem com isso?

Pois eu não. Gosto muito mais do Brasil do que desgosto dos governos Lula/Dilma e espero que dona Dilma, ao entregar o comando da área econômica à trinca que escolheu, passe o comando a esses senhores e deixe que eles resolvam aquilo que ela não soube resolver.

O que aborrece, assusta e indigna, são:

*o modo como dona Dilma lida com a Imprensa e com os cidadãos. Bastou a Imprensa informar os nomes dos futuros titulares da Fazenda e do Planejamento para dona Dilma adiar o anúncio oficial, ao que parece zangada com o que chama de vazamento. Era preciso que alguém lhe dissesse que era sua obrigação, e nosso direito, que essa informação fosse a manchete em todos os jornais do país, o mais rápido possível;

*o que estão tentando fazer com a LRF, abençoada lei de 2000 que impediu, até agora, que os estados e municípios brasileiros, quer dizer, nós, fossemos à garra;

*as notinhas onde há a tentativa de diminuir o excelente trabalho da Justiça Federal, do Ministério Público e da Polícia Federal. Como uma entrevista a este Blog do novo relator do TCU a quem caberá analisar os processos advindos da Operação Lava-Jato, José Múcio Monteiro, onde ele diz que a PF está fazendo charme e mais: "vou ter que fazer a depuração. Tudo de Petrobras, qualquer processo".

Depuração? Não quero ser injusta; assim como no Recife grampo de cabelo é biliro, quem sabe lá depurar não é limpar, purgar, purificar? Torço para que seja esse o caso.

A corrupção na Petrobras não começou com o PT. Recebeu foi um fermento poderoso nos governos Lula/Dilma e hoje ameaça engolir a empresa que, se não for sanada, levará de roldão outras empresas estatais.

Somos uma Democracia. Sofremos vários golpes para chegar até aqui. Não queremos retroceder e, para isso, é preciso muita atenção, impedir que o Governo Federal ponha tudo a perder.

Mais uma vez: o Brasil é nosso, não pertence a nenhum partido político.

É bom ter isso bem gravado na memória.

* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa

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