Depois de um Natal magrinho, provocado pelos juros indecentes (50% para o credito pessoal, 196% no cheque especial e mais de 300% no cartão de crédito), pela inflação, pelo endividamento das famílias (25% está inadimplente há mais de 90 dias) vamos assistir a entrada de 2015 com a sensação esquisita de que será um ano novo velho e requentado: mais quatro anos de PT, pibinho minúsculo e noticiário dominado pelo petrolão, além dos habituais problemas da saúde, segurança, educação, etc. etc. Tudo como dantes no quartel de Abrantes
Neste 25 de dezembro o bom velhinho ficou de saco semi vazio (ao contrário do nosso que está super cheio) guardando de semelhança com natais passados apenas o vermelho de suas vestes, cor mais uma vez escolhida pela maioria dos eleitores, desta vez menos do que em ocasiões anteriores, é certo, mas ainda 53 milhões.
Estamos nos aproximando do "réveillon, se conseguirmos soltar alguns rojões de esperança serão para homenagear a Justiça, que poderá fazer por nós aquilo que não conseguimos fazer pelo voto: uma limpeza, ainda que pequena, no ambiente político, defenestrando e oxalá botando na cadeia uma parte do enorme bando que há tanto tempo vem roubando o nosso dinheiro. Enquanto isso, temos que encarar a posse no Congresso da suplente Rosy de Souza para exercer mandato de deputada durante o recesso. Ela que deixará o cargo em 1 fevereiro, quando os novos representantes serão empossados, inclusive o ficha limpa Paulo Maluf, receberá R$ 35 mil pelo proporcional aos dias de trabalho em dezembro e também ao vencimento de janeiro além de R$ 120,7 mil para as atividades de mandato, mais R$ 78 mil para a indicação de servidores para seu gabinete, R$ 3,8 mil de auxílio moradia, além de R$ 38,9 mil para custear passagens, telefone, consultorias, transporte e alimentação.
Enfim, R$ 276,4 mil para não fazer nada. Da para aguentar? Da para aguentar que este tipo de Congresso nos custe quase 5 bilhões por ano?
Voltando aos políticos, vale a pena reler o brilhante ensaio "Fabricantes de Miséria" de autoria dos jornalistas Plinio Apuleyo Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Alvaro Vargas Llosa, publicado na Espanha em 2000, que trata "das ideias e atitudes que mantem na miséria grande parte dos latino-americanos, dos governos que com suas práticas antieconômicas afogam as possibilidades de gerar riqueza e dos políticos que não entendem que só se pode sair da pobreza aumentando a produção e não pagando salários da fome" (alguma semelhança com o nosso Bolsa Família ?)
E vão adiante: "os políticos são os nossos fabricantes de miséria por excelência. Seu prestigio é mínimo. Por que tanto desprestígio? Por que quase todas as sociedades pensam que os políticos as fraudaram. Não os veem como homens de Estado, como guardiões do bem comum, mas como desonestos e mentirosos, dispostos a fazer qualquer coisa para alojar-se no governo com a intenção de sugá-lo ao máximo em proveito próprio". Descrição que se encaixe perfeitamente na nossa situação.
Entretanto, pelo menos alguns destes "vendedores de milagres" estão no rol dos suspeitos na operação "lava a jato", fazendo com que a Presidente Dilma encontre sérias dificuldades para preencher os seus 39 ministérios. A manchete do jornal Estado de Minas quando do anúncio de mais 13 é ilustrativa: "Novo Ministério de velhos conhecidos". Na sequencia virão mais outros tantos cargos nas estatais que são disputados a foice (e martelo?). Tanto é difícil a empreitada, que Dilma iria consultar o Ministério Público antes de qualquer nomeação cometendo aquilo que Joaquim Barbosa classificou como "degeneração institucional".
Essa gente arrolada já está diante do julgamento da opinião pública. Não que a nossa opinião valha alguma coisa, já que assistimos, perplexos, a Chefe da Nação blindar sua amiga Graça Foster e manter toda a diretoria da Petrobrás, mesmo diante da óbvia constatação de que estas pessoas perderam a condição de continuar gerenciando a nossa maior empresa.
Mesmo diante de tudo isso, não vou deixar de pular 7 ondas, usar roupa branca, comer uvas e muita lentilha no dia 31. Afinal, sou brasileiro e amo o Brasil, nosso querido país dos milagres. Quem sabe o ministro Joaquim "mão de tesoura" Levy consiga arrumar a casa, que está na maior bagunça, e nos fazer voltar aos trilhos da responsabilidade, da decência, da seriedade, do compromisso com a coisa pública, com a consequente prosperidade e justiça social que tanto almejamos.
Que Ala esteja conosco o e que Deus nos abençoe mais uma vez.
Shalom.
Faveco (Flávio Corrêa)É jornalista, publicitário, consultor, escritor e palestrante é presidente da Brandmotion Consultoria de Fusões e Aquisições, da Fundação Cultural Exército Brasileiro e do Conselho da ADVB.
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