Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 13 de fevereiro de 2015
Talvez forrobodó seja palavra antiga para quem nasceu neste século, mas para os mais velhos é gíria comum, que descreve à perfeição a situação em que nos encontramos. Nos bons dicionários o leitor encontra o significado do brasileiríssimo forrobodó: farra; troça; confusão; desordem...
Vejam se tenho ou não razão em olhar para o Brasil de hoje e dizer: "Que forrobodó!".
Luis Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil e do PT, fundador e alma do partido, na célebre entrevista que deu em Paris em 17 de julho de 2005, disse que seria implacável na perseguição aos corruptos e que dirigente petista que tivesse errado, seria punido.
Em 12 de agosto do mesmo ano, na abertura da Reunião Ministerial que presidiu na Granja do Torto, pediu desculpas à Nação pela situação que o país estava vivendo. Que situação era essa? A causada pelas revelações do mensalão.
Assustado, temendo que seu governo fosse à garra, acreditando que a oposição seria tão forte quanto o PT, Lula tremia, mas nem uma vez mostrou-se indignado, dizendo que aquilo tudo era mentira! Foi só depois da reeleição, quando ficou constatado que o mensalão não impediu sua permanência no Planalto, que ele passou a ameaçar dizendo que moveria céus e terra para provar que o mensalão foi ficção. Não moveu nem palha que dirá pedra. O que o salvou foi a fraqueza de nossa oposição e o sagrado princípio da omertà que então regia o PT.
O PT já não é mais o mesmo, os companheiros sentiram o abandono, o governo Dilma II não tem a mesma força dos governos Lula I e II, o petrolão é maior e mais documentado que o mensalão, a Petrobras andou pintando e bordando nos EUA onde a Justiça é mais célere e onde o mercado de ações é bem protegido, posto que o cidadão americano de classe média aplica em ações na Bolsa e ai do governo que se der ao luxo de deixar os acionistas da Bolsa ao léu.
Resultado: a situação está um pouco mais periclitante que em 2005... Mas o atual presidente do PT, Rui Falcão, figura das mais estranhas do meu ponto de vista, ainda não se deu conta que não estamos mais em 2005 e que dona Dilma não é o Lula de batom.
Ameaça interpelar civil e criminalmente um dos delatores do petrolão, Pedro Barusco.
Bem, dinheiro o PT tem para bancar os melhores advogados do Brasil, mas será que tem fôlego para tantas interpelações? Pergunto por que não foi só o Barusco quem falou das propinas extraordinárias que o PT recebeu. Foram muitos e aguardam-se mais delações num futuro próximo.
Enquanto isso, dona Dilma tantas fez com aquele seu nariz empinado que conseguiu transformar Eduardo Cunha - quem diria, não é? - no homem do momento. E fazer da Câmara dos Deputados um inimigo ativo e entusiasmado de seu governo...
* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* -
Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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