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"A marcha da verdade". Por Maria Helena RR de Sousa*

A força da verdade é de tal ordem que leve o tempo que levar, um dia ela explode

20.02.2015  |  16 visualizações
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 20 de fevereiro de 2015


Hesitei em deixar a bela frase de Émile Zola no original. Mas se o ex-ministro do STF, Joaquim Barboza, pode usar a elegante língua francesa, por que eu não poderia? Às favas com os escrúpulos e copio o que Zola disse quando tomou a si a defesa de Alfred Dreyfuss: "La vérité est en marche et rien ne l’arrêtera".

A força da verdade é de tal ordem que leve o tempo que levar, um dia ela explode. Isso também quem disse foi Zola em seu brilhante ‘J’Accuse!’. Indignado com as mentiras que fizeram de tudo para destruir Dreyfus, o grande jornalista francês escreveu: "Quando se enterra a verdade ela se avoluma de tal modo que adquire uma força terrível: no dia que explode, faz saltar tudo à sua volta".

Opiniões divergentes deveriam ser tratadas assim: cada um com a sua e pronto. Da minha parte, eu jamais comentaria a opinião de Joaquim Barboza pois desde que ele foi presidente do STF além de não simpatizar com ele, tenho-lhe certo receio. Em minha opinião, tem um pavio muito curto. Reconheço que devido à sua determinação, pela primeira vez vimos graúdos atrás das grades. Palmas para ele!

Quando ele falou em nome dos honestos, estava apenas dando vazão ao seu estilo que na França é conhecido como "rempli de soi même". Mas quando ele disse que quem dele discorda na Imprensa são as "plumes-à-gage", ultrapassou o direito de opinar, passou a ofender quem dele discorda.

Mas ele teve sorte. Aliás, Joaquim Barboza é um homem a quem a sorte sempre bafejou. Que continue assim, são meus votos.

A que sorte me refiro? Ao fato do ministro da Justiça, não compreendi bem por que, ter tentado negar o encontro com os advogados das empreiteiras. O que ampliou o assunto. A cada hora um detalhe, cada um mais esquisito que o outro:


* sua agenda não mencionava a audiência, prova que o encontro não ocorreu;

** dois dos advogados, amigos pessoais, iam almoçar juntos e marcaram encontro na antessala do ministro;

*** em nota, o ministério da Justiça reconhece o encontro mas não revela o teor da conversa;

**** ontem o ministro, numa entrevista coletiva, revelou um dos dois temas do encontro: queixas quanto ao vazamento de delações. Do segundo, nada.

Eu não falaria mais nesse assunto se não tivesse lido o novo twitter de Barboza: "Noblat disse que eu queria aparecer! Qual a sua isenção, se eu o processei por racismo? Falta-lhe tbm isenção p outras razões".

Para mim, o ministro Joaquim Barboza aí perdeu o direito de falar em nome dos honestos, já que se esqueceu de mencionar que no processo que moveu contra Noblat, ele foi vencido e sem direito a recurso! Não havia racismo algum nas palavras do jornalista e apelar para a vitimização nem sempre funciona.

Agora é aguardar a marcha da verdade em direção à explosão. Que virá!

* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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