Quem mandou reeleger a Dilma? Agora aguenta...
Fiquei arrasada quando foram divulgados os resultados da eleição. Não queria acreditar que tínhamos perdido uma oportunidade tão boa de fazer uma mudança para melhor. Meses depois, "quem mandou reeleger a Dilma?" se tornou para mim uma espécie de mantra, uma fórmula que fornece resposta para boa parte dos nossos sustos diários.
Dilma reeleita. Olhei para essas duas palavras, que tanto significado encerram, e comecei a misturar as letras para ver o que acontecia - vício de quem é fissurado em palavras cruzadas.
Nos jogos de passatempo, é preciso usar todas as letras para formar uma nova palavra, e não é permitido repetir nenhuma. Com d-i-l-m-a-r-e-e-l-e-i-t-a- ainda não alcancei o objetivo, e o recorde, até agora, está com o adjetivo deletéria, utilizando nove letras das treze disponíveis (o acento agudo é uma licença poética).
Talvez meu subconsciente tenha emergido por algum motivo obscuro , mas a verdade é que eu só consegui visualizar palavras de inequívoca notação para o mal.
Palavras iniciadas com a letra D, de Dilma, produziram uma pequena lista de companheiras para a supracitada "deletéria": dilema, direta, dileta, drama, derma (sic), direita, ditame. Com T a coisa fica mais forte: trama, treme, traída (essa é boa), tardia, teima...
Um leitor atento me interrompe para protestar; diz ele que " essas palavras não têm significados necessariamente negativos". Obrigada pela atenção, leitor, mas eu tenho consciência dessa fragilidade. Vou tentar compensar de alguma maneira.
Continuando, vamos para o L de ladra, lerda, letal, lama, lei (vou tirar essa); M de maleita (?), mala, malta, meta, melada, maldita (que feio, vou tirar essa mais tarde, mas vou deixar por enquanto), e finalmente m... Procurei loucamente por uma letra N, pois assim poderia compor a combinação que resultaria na palavra Mentira, mas foi tudo em vão. Em compensação, deu para escrever "irada", que é exatamente como me sinto.
Ao todo, reuni palavras suficientes para dizer que o mar de lama em que chafurdamos nesse momento é consequência direta da ação dessa malta que teima em desconsiderar a lídima aspiração popular por um governo honesto; um governo que não se deleite em rapinar "como nunca antes nesse país" ; que não se acredite imune aos ditames da lei, e que não envergonhe os brasileiros.
Que lerda!
*Sílvia Zaclis - É jornalista
