Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 6 de março de 2015
Leio o noticiário como quem cumpre penitência. Aqui nasci, aqui tive meu filho. As qualidades do Brasil me orgulham, seus defeitos me machucam.
Há momentos, pessoais ou coletivos, em que nossa mente foge dos horrores do noticiário, se rejubila: são doces momentos na vida de todos nós que põem a knock-out os horrores do noticiário.
Mas acompanhar o que se passa no Mundo e no Brasil faz parte de viver vida de cidadão. Se não fosse a Imprensa, sempre atenta, com grandes textos e jornalistas de escol, poderíamos multiplicar por mil os malfeitos que acometem nossas instituições.
Algumas notícias que vêm do exterior trazem lágrimas aos olhos. Outras atemorizam. Mas imunes, raramente ficamos.
O que é sentimento muito diferente da dor profunda que certos fatos e personagens do nosso noticiário diário provocam em quem ama o Brasil e em quem sonha em vê-lo um dia como berço realmente esplêndido para seus filhos.
Alguns dirão que é nostalgia de velha. Outros que falo do que não sei. Pode ser. Mas o fato é que só vejo nossas instituições engasgarem e não vejo um nome que, com um tranco, as fizesse desengasgar.
Empresas do porte de uma Petrobras se esfarinham. Há quem fale nisso com os olhos brilhando e a baba escorrendo pelos cantos da boca. Parecem felizes com o descalabro, pois isso levaria o partido do qual não gostam às cordas. Outros falam com a faca entre os dentes, ensarilhados, prestes a cortar quem do mesmo partido discorda.
O Legislativo briga pelo que não merece e passa por cima daquilo que poderia nos fazer evoluir, crescer. Ganhar o tal espaço no concerto entre as Nações que o Brasil, por seu tamanho e pujança merece, não parece ser seu objetivo.
O Judiciário, muito bem pago e sempre aquinhoado com inúmeras vantagens, anda tão lento, mas tão lento que, às vezes, parece paralisado. Já está mais do que na hora de apressar o passo. Estamos, neste momento, pendurados no arame à espera da Lista de Janot, o que não faz bem, só faz mal!
O Executivo nas mãos de dona Dilma chega a ter momentos ridículos. Os chamados núcleos duros de seus dois governos são de provocar ou piedade ou horror.
Desconsolada com a situação, perguntei a amigos em cuja opinião confio se ao receber de suas fadas-madrinha uma varinha mágica em qual brasileiro (a) tocariam para lhe entregar nosso país. A maioria emudeceu, ficou matutando.
Um só respondeu, mas baseado não no escolhido, mas no tino do escolhido para se cercar de bons nomes... Resposta que não levei em conta: se não há
um nome, que dirá mais de um?
O ministério tamanho família de dona Dilma lembra uma das mais deliciosas cenas do cinema americano, com os inimitáveis Irmãos Marx em
Uma Noite na Ópera / 1935 (veja vídeo no
http://youtu.be/8ZvugebaT6Q).
Assistam e depois imaginem como será quando abrirem a porta do ministério Dilma II...
* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* -
Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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