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"Onde é a saída?" Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa*

...Não somos um país de História monótona, longe disso. Já vimos de tudo um pouco. Mas agora estamos batendo muitos recordes...

27.03.2015  |  67 visualizações
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 27 de março de 2015


‘Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia’, célebre frase de Eça de Queiroz que está gravada no monumento que o homenageia no Chiado, em pleno coração de Lisboa, se fosse usada em Brasília teria que ser substituída por ‘Rasgaram o véu diáfano da fantasia e a verdade apareceu em toda a sua feia nudez’.

Eu nem diria que o véu foi rasgado. Diria que foi estraçalhado!

Os presidentes do Senado e da Câmara, do partido do vice-presidente da República, não parecem remar na mesma direção do Governo Federal. Ao menos no vocabulário que usaram para se referir a uma moção dos ministros Aloísio Mercadante e Gilberto Kassab junto ao TSE: ‘molecagem’ e ‘alopragem’. Sabem o que esses dois ministros pediam? O registro de um novo partido, o PL. Esse palavreado fino, dito assim justo quando o Governo Federal está patinando em gelo finíssimo, veio a calhar, não foi não?

Tudo bem que eles são presidentes das duas casas que formam um dos poderes da República e que também foram eleitos pelo povo, mas um foi eleito senador e o outro deputado. Não foram eleitos presidente da República. Nem de longe!

Será que dona Dilma não sabe que em Brasília nenhum espaço fica vazio mais do que um minuto, se tanto? Será que Lula não lhe ensinou o bê-á-bá? Ou será verdade o que dizem: ele fala, ela ouve, mas não escuta?

O Executivo está deixando espaços vazios e isso, todos sabem, é muito perigoso.

Houve um tempo em que o articulador político dos governos era o ministro da Justiça. Depois passou a ser o Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Agora, retrato dos novos tempos, é o ministro da Fazenda.

Que já bate boca com o prefeito do Rio. Poderíamos dizer: ‘eles que são cariocas que se entendam’. Mas acontece que Eduardo Paes estava lembrando ao Levy uma lei sancionada pela presidente em 25 de novembro do ano passado. Joaquim Levy retrucou que ele não tem nada com isso, já que só assumiu seu posto em 27 de novembro!

Resposta de Eduardo Paes: "Mas você não pode achar que o mundo se restringe ao que aconteceu depois de sua entrada no governo".

Ótima e verdadeira resposta, se não fosse o fato do Brasil estar quebrado e do ministro da Fazenda estar com o freio na mão.

Dona Dilma foi empossada presidente da República há três meses. Não era neófita, este é seu segundo mandato. Ela escolheu seu gigantesco ministério livremente, que se saiba. Mas desde a posse estamos aos solavancos. Três ministros já caíram e nada até agora nos garante que mais tombos não virão.

Alguém arrisca tirar o freio das mãos do Levy?

Estarão os brasileiros preparados para, nesse caso, enfrentar a borrasca que viria por aí?

Já há quem pergunte: a saída, onde é a saída? Sairemos sozinhos? Sem ajuda?

* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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