Publicado originalmente em post de 25 de agosto de 2015, no boletim do Ex - Blog de Cesar Maia
1. Fica a cada dia mais evidente que o governo Dilma acabou e que não haverá nem impeachment nem renúncia. Até porque, entregar a outro governo as gavetas antes dessas serem garantidas e completamente limpas, seria suicídio político e jurídico.
2. Em relação à economia, o ponto chave passou a ser a proporção da Dívida Pública em relação ao PIB, pois será este o horizonte para investidores externos. Este ano, essa proporção crescerá. Com um déficit em conta corrente de 4% do PIB, a necessidade de recursos externos é o oxigênio na CTI. Para tanto, o triângulo -superávit primário, juros reais e crescimento do PIB- definirá o prazo da crise econômica. 2015 e 2016 -nesse sentido - são anos perdidos.
3. Se Deus ajudar, 2017 poderá ser um ano para apenas se colocar o nariz fora da linha de água. 2018 é um ano eleitoral, certamente de mudança política de governo, e, assim, na melhor hipótese, será um ano de transição.
4. Do ponto de vista político o impasse é total. O governo conta com 30% dos votos na Câmara de Deputados. Os presidentes da Câmara e do Senado atuam sob constrangimentos. Não há um líder-comandante nessa conjuntura. Os partidos relevantes não conseguem unidade interna. As ruas, as pesquisas e as redes sociais mostram impaciência e rejeição. A cada dia uma surpresa. "Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal." (Mateus 6:34).
5. Os Pactos de Moncloa, na Espanha, contaram com o Rei Juan Carlos representando o Estado e impessoalidade partidária. E com o deputado Adolfo Suárez que - em 1 ano e meio de reuniões sistemáticas com os partidos, iniciada com resistências até à monarquia constitucional-, com seu talento, costurou simultaneamente um acordo econômico efetivo e um acordo político-institucional.
6. Neste momento, no Brasil, 2018 é o curto prazo, quando um novo governo carregado de legitimidade, esperança e otimismo, poderá abrir um novo ciclo para o país. Esses 3 anos que restam serão anos de arrastre, onde, na melhor hipótese, as posições defensivas e pacientes deveriam prevalecer.
7. Numa política inorgânica como a nossa, na ausência de partidos programáticos, as lideranças consensuais são fundamentais. Quem poderá ser o nosso Adolfo Suárez, capaz de sentar na mesa com "falangistas, comunistas, socialistas, liberais..."? Os exaltados da oposição de hoje não o poderão ser, porque a mesa seria quebrada.
8. Hoje (quem sabe amanhã?), só há um político cuja confiabilidade, suavidade e experiência poderia cumprir o papel de Adolfo Suárez: o governador Geraldo Alckmin.
Cesar Maia, do DEM/RJ, ex-prefeito do Rio de Janeiro.
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