Publicado originalmente em post de 13 de outubro de 2015, no boletim do Ex - Blog de Cesar Maia
1. Durante a CPI do mensalão do PT, os deputados do PSDB diziam que receberam orientação de FHC para não se destacarem como líderes da destituição de Lula, pois no caso de ele cair, quem liderou esse processo não ganha o governo depois. O eleitor faria uma conexão entre o presidente que cai e quem é percebido como o tendo derrubado. Algo como nem um nem outro.
2. O exemplo destacado era o da queda de Collor, quando o PT assumiu o comando da banda do impeachment -com o rap Fora Collor- e a sucessão caiu no colo de FHC. Mesmo na desconstrução de Sarney nos anos constituintes, inclusive com a redução de um ano de seu mandato, o maestro da banda de música do fora Sarney foi Ulysses Guimarães que, apesar do enorme tempo de TV e seu prestígio como condutor da transição, terminou a eleição lá atrás, com uns 3% dos votos.
3. Outros exemplos podem ser destacados. Como o suicídio de Getúlio com a oposição da banda de música da UDN. JK do PSD venceu Juarez da UDN. Como a transição espanhola liderada por Adolfo Suarez, que depois viu seu partido se desintegrar e o PS de Felipe Gonzalez ascender.
4. No caso do mensalão, a exclusão do tema impeachment, orientada por FHC, diziam, temendo uma reação das ruas (deixa sangrar...), terminou pavimentando mais 12 anos para o PT. Se o regente da banda de música não assume o poder depois, o fato é que sem banda de música de oposição, fica fácil diluir o impeachment, apesar de todas as graves razões que existam.
5. Num cenário político personalizado como o brasileiro, mais que a marca partidária num processo desses é a marca pessoal que prevalece. Por exemplo, no caso atual do petrolão. A banda de música do impeachment é liderada por setores do PMDB e pelo PSDB que, na lógica da personalização, destaca o senador Aécio Neves.
6. Sem guitarra nem bateria, o governador Alckmin acompanha o desenrolar da dinâmica atual do impeachment, deixando que a fritura de Dilma salpique no cozinheiro, abrindo o caminho para que a sucessão exija um presidente com perfil aglutinador para um governo de união nacional que supere a atual tragédia político-econômica. A discrição de Marina aponta na mesma direção.
7. A banda de música da oposição é fundamental para se ter uma alternativa que, como mostram os exemplos citados, não caberá a ela, banda de música.
Cesar Maia, do DEM/RJ, ex-prefeito do Rio de Janeiro.
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