Comentário publicado originalmente em O Globo e no Blog do Noblat, 15 de outubro de 2015
Sinais convincentes de que a batalha pelo impeachment da presidente Dilma está perto do fim com a provável vitória dela:
* A direção nacional do PMDB, à frente o vice-presidente Michel Temer, trabalha para esvaziar o congresso do partido marcado para o próximo dia 15 de novembro. O PMDB parecia pronto para romper sua aliança com o PT. Pensou melhor e não está mais.
* De inimigo visceral do governo, Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, passou à condição de amigo antigo que apenas se desentendera com ele. Tudo porque o governo pode salvá-lo de parte dos apuros em que se meteu - a oposição, menos.
* Lula desembarcou em Brasília com a missão de convencer do contrário parte do PT da Câmara que resiste à ideia de votar para impedir que Eduardo seja cassado por quebra de decoro.
* Depois de reunir sua Executiva, o PSB emitiu uma longa nota com 1.732 palavras. Seu alvo: o governo, a quem o partido critica duramente. Um detalhe: a palavra "impeachment" não aparece. De fato, o PSB desistiu de pedir o impeachment de Dilma.
* Políticos de vários partidos que se negavam a ceder à tentação de aceitar cargos e sinecuras oferecidas pelo governo, passaram a aceitar.
* Repousa no fundo de uma gaveta da Câmara o parecer do Tribunal de Contas da União que recomenda a rejeição das contas do governo de 2014.
* Não há data para que Eduardo Cunha anuncie se aceitará ou não o novo pedido de impeachment de Dilma que a oposição lhe entregará amanhã.
* Sob a condição de não terem seus nomes revelados, líderes da oposição admitem que o impeachment está cada vez mais distante. E que chegou a hora de pensar no que fazer daqui para frente.
Ricardo Noblat é jornalista. Foi editor-chefe do Correio Braziliense e da sucursal do Jornal do Brasil, em Brasília, DF. Há mais de oito anos mantém o Blog do Noblat, no portal do jornal O Globo