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Como será nosso amanhã? Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Mas enquanto erguem monumentos ao amanhã e apressados criam novas vias que serão vitais para quem vem ao Rio ver os Jogos, nossos administradores esquecem

25.12.2015  |  31 visualizações
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 25 de dezembro de 2015


O Rio, apesar das calças de veludo, está com a bunda de fora. Para a Copa, fizemos Arenas que são belas e inúteis estruturas, pois nem mais futebol temos. Agora sofremos com a praga do Ano Olímpico. O prefeito, Dilmista apaixonado, e o governador, de quem a presidente é admiradora, se uniram para transformar o Rio num espaço que, durante os dias das Olimpíadas, encantará os turistas.

O melhor exemplo disso é o Museu do Amanhã. Estrutura feia por fora mas extraordinariamente bela e inteligente por dentro, entrará para o currículo do espanhol Santiago Calatrava como uma de suas maiores obras-primas. Desconfio que tal como as Arenas, ficará às moscas num futuro não muito distante. Foi bom para o arquiteto, ora se foi... E para dona Dilma que veio correndo conhecer o Museu e ser fartamente fotografada lá dentro. Sabem como é, uma intelectual de respeito como ela...

Mas enquanto erguem monumentos ao amanhã e apressados criam novas vias que serão vitais para quem vem ao Rio ver os Jogos, nossos administradores esquecem que a parte da cidade que tem mais vida, a Baixada Fluminense, continua sem transportes de qualidade. No país dirigido há mais de 12 anos pelo Partido dos Trabalhadores, no Rio o Trabalhador é quem mais sofre.

Sofre apenas por não ter transporte de qualidade? Não, não! Sofre muito mais porque não tem atendimento médico e não me refiro somente a um atendimento médico de excelência e sim ao atendimento médico básico, ponto. As célebres UPAs, criadas para serem uma linha auxiliar das Emergências dos hospitais públicos e que nos foi dito ficariam abertas 24 horas, agora nem doze ficam. E não têm, nem nunca tiveram, médicos das especialidades mais vitais.

Por que será que dona Dilma não veio, na véspera do Natal, ver o sofrimento dos doentes no chão de nossos hospitais? Por que não veio amparar as grávidas que estão sofrendo, além das dores do parto, as dores do medo que o zica vírus tenha afetado seus bebês? Dona Dilma perdeu a oportunidade de demonstrar solidariedade para com os doentes e de usar a severidade, pela qual é célebre, com os responsáveis pela Saúde no Rio de Janeiro.

Percorre o país pronunciando palavras que ficarão marcadas para sempre como inverdades e lança flechas contra aqueles que, possuidores de boa memória, sabem que sua campanha foi uma fábula de cabo a rabo. Acusa quem é a favor de seu impeachment de golpista. Bate no peito e se diz honesta, portanto nada merecedora do afastamento.

Esquece que ser honesta é obrigação e quer nos fazer crer que esse atributo é uma qualidade pessoal.

Vamos ser generosos e acreditar que ela pensa que só o batedor de carteiras é ladrão. Tudo bem. Mas então temos que convir que ela é cega, surda e pior, muda, já que em todos os altos postos que ocupou passaram corruptos do mais alto coturno, alguns já enquadrados pela Justiça, que fizeram de suas carteiras um abrigo para muitos milhares de dólares.

Eles não bateram carteiras. Eles bateram o Brasil.

Não ter exigido que o dinheiro dos impostos deveria, antes de mais nada, ser utilizado na Saúde e na Educação foi a maior oportunidade que dona Dilma perdeu. Tudo o mais é luxo que podia ser evitado até que os hospitais e as escolas funcionassem adequadamente.

A situação é medonha. Falta tudo nos hospitais: do material humano às ataduras. Tudo. Só não faltam filas e infelizes jogados em macas ou no chão. Dona Dilma criou um Gabinete da Crise e o dinheiro começa a aparecer. Foi preciso a humilhação do desgoverno assim exposto para que tomassem uma providência. As promessas abundam.

Espero que sejam para valer. Os chineses dizem que três coisas nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida. A promessa foi lançada, a palavra pronunciada.

Hoje é Dia de Natal. O dia certo para pedir a Deus Paz, Saúde e Alegria para nossas crianças. Para tanto, é imprescindível que não se perca outra oportunidade.

* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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