Artigo publicado originalmente no DIÁRIO DO PODER, 14 de março de 2016
Brasília - Gente, o Jaques Wagner, chefe do Gabinete Civil, fez uma revelação bombástica. Certamente auxiliado pelos desocupados agentes da Abin, a agência que substituiu o famigerado SNI, descobriu que o quibe é que levou milhões de pessoas às ruas para pedir o impeachment da sua chefe, a prisão de Lula e apoiar a Lava Jato tão bem conduzida pelo juiz Sergio Moro.
Isso mesmo, não estou brincando com coisa séria. Na coletiva que ele deu à imprensa para fazer o balanço das manifestações pelo Brasil, disse, com todas as letras, que tudo foi orquestrado pela rede de restaurantes Habibs, especializada em quibe cru, esfiha, tabule e kafta. Abre, assim, outra crise, desta vez com os árabes, mestres dessa culinária tão especial.
Quanta besteira desse governo inócuo, incompetente e desastrado. Como não bastasse a indicação do ministro da Justiça, o baiano Wellington César Lima, que ficou sub-judice até o STF mandá-lo pra casa, o ministro "boa praça" agora exagerou. Acusou o Habibs e a Fiesp de planejar as manifestações que só em São Paulo despejaram nas ruas mais de 1 milhão de pessoas, segundo cálculos mais pessimistas. E levaram milhares de outras a mais de 200 cidades no país a pedir o impeachment da Dilma.
Como na nossa republiqueta das bananas nada é de graça, não estranho que algum araponga da Abin estaria a serviço do marketing do restaurante. Teria levado ao ministro a conspiração Árabe para dentro do Planalto em troca de alguns quibes da rede Habibs. Depois que o Lula surrupiou os objetos do Palácio do Planalto nada neste país é impossível.
Jaques Wagner reuniu a imprensa para falar sobre a manifestação. Com pose de inteligente e com ar circunspecto de quem acabara de descobrir a pólvora e a roda, foi logo dizendo que as manifestações dos brasileiros contra o seu governo teve um "público segmentado". Com o silêncio dos jornalistas, que se entreolharam em meio a tanta baboseira, o ministro emendou afirmando que a culpa por tal provocação ao governo foi do Habibs e da Fiesp.
Para dizer tanta asneira, Wagner certamente estava municiado por informação da Abin, uma agência que gasta escondido milhões e milhões de reais dos brasileiros para produzir factoides em nome da segurança nacional. Que a agência de debiloides chegue à conclusão estapafúrdia como essa faz parte da sua ignorância plena, mas que um ministro de estado, na condição de principal assessor da presidência, reproduza essa sandice, aí é coisa de insanidade ou de demência intelectual e política.
Jaques Wagner ainda não se convenceu que a multidão que foi às ruas não foi orientada por partidos políticos ou centrais sindicais. Não foi conduzida em ônibus de aluguel nem recebeu cachês em dinheiro ou transporte de graça. Não eram militantes nem filiados a partidos. As cidades foram ocupadas por milhões de brasileiros que, vestidos de verde e amarelo, pediam a saída da Dilma, a prisão de Lula e apoiavam o juiz Sergio Moro, condutor da Lava Jato.
Se ele, como principal assessor da presidente, ainda teima em negar o óbvio, o que o mundo viu a cores pelas TVs, não está em condição de permanecer assessorando a sua chefe, porque é incapaz de enxergar um fato que, pela sua grandeza, pode mudar o destino do Brasil.
Depois da gafe da indicação do ministro baiano, agora Wagner vai mais longe: denuncia a conspiração do quibe para derrubar a sua presidente - que se diga - está a um fio de cair de vez.
Ministro, por favor, com mais essa gafe, está na hora de pegar o paletó e se mandar, antes que alguém deixe o seu gabinete às escuras.
JORGE OLIVEIRA-
- JORNALISTA E CINEASTA
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