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The Day After. Por Henrique Veltman

... surge a analogia com a Itália, com as Mãos Limpas. Essa operação histórica foi bloqueada por um pacto entre Berlusconi e o Partido Democrático da Esquerda (PDS), sucessor do Partido Comunista Italiano. É quando começa o ciclo de poder de Berlusconi...

22.03.2016  |  112 visualizações
Post do autor publicado no Facebook, 22 de março de 2016


Nas discussões sobre o day after do impedimento de dona Dilma, surge a questão do substituto: Temer (se ele mesmo não for impedido), Cunha (por enquanto, presidente da Câmara e segundo da lista, de acordo com a lei), talvez Renan (pois é, presidente do Congresso e ele próprio na linha de tiro da Lava Jato), Lewandowski, presidente do Supremo e que, aparentemente, não goza da simpatia da imensa maioria dos brasileiros.
Quem assume?

Aí surge a analogia com a Itália, com as Mãos Limpas. Essa operação histórica foi bloqueada por um pacto entre Berlusconi e o Partido Democrático da Esquerda (PDS), sucessor do Partido Comunista Italiano. É quando começa o ciclo de poder de Berlusconi, que se estendeu, com intervalos, de 1994 a 2011.

À frente de uma coalizão conservadora, Berlusconi venceu as eleições de março de 1994. Seu gabinete caiu meses depois, derrubado por revelações da Mãos Limpas. Nas eleições de abril de 1996, venceram os novos comunistas e socialistas da coalizão liderada pelo PDS, que governou até 2000, por meio dos gabinetes de Romano Prodi e Massimo D'Alema. E aí, minha gente, esses governos de esquerda (!) sabotaram as investigações judiciais que ameaçavam os negócios mafiosos de Berlusconi. Para proteger seus próprios corruptos, e sob o pretexto de evitar a "criminalização da política", a maioria do parlamento italiano aprovou leis destinadas a antecipar a prescrição de crimes e procrastinar julgamentos. Esse pacto de conveniência entre a esquerda e a direita travou a Mãos Limpas, anestesiou a sociedade italiana e preparou a cena para a volta de Berlusconi nas eleições de 2001.

Pergunto: esse exemplo poderia ser seguido em Brasília, sabe-se lá por quem esteja no novo governo, disposto a encerrar a Lavo Jato e a enterrar suas conclusões?

Cartas à Redação.

Henrique Veltman - Jornalista

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