Vejam esse extrato do jornal O Globo de ontem(19):
" As dificuldades financeiras dos concessionários dos aeroportos privatizados a partir de 2012, combinadas com a penúria orçamentária da Infraero, devem frustrar em mais de R$ 2,3 bilhões as receitas do governo federal este ano. Por causa das dificuldades da Infraero, as concessionárias privadas poderão ser beneficiadas com a suspensão da cobrança de outorgas nos terminais privatizados Galeão, Guarulhos, Brasília, Viracopos e Confins , o que não está previsto nos contratos. Isto porque a estatal, em crise e sem condições de arcar com o pagamento, detém até 49% das concessões e teria de fazer aportes para que o sócio cumpra seu compromisso com a União.
O secretário do novo Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco, disse ao GLOBO que o assunto deve ser examinado com cuidado, justamente pela situação da estatal. Não é só o sócio privado que não tem dinheiro. O público (a Infraero) também não tem afirmou Moreira Franco, ao se referir ao pedido dos operadores para não pagar as outorgas.A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) está avaliando o pedido enviado pelos concessionários para não pagar R$ 2,3 bilhões, dos quais R$ 932,8 já venceram. O restante vence em julho, sendo R$ 1 bilhão só pelo operador de Guarulhos, que já avisou que não vai recolher a quantia."
Atentem para o detalhe que friso:
Em cinco anos, Pedro Moreira Franco, filho do ministro Wellington Moreira Franco, foi de trainee a diretor na Odebrecht, do empreiteiro Marcelo Odebrecht; coincidência número 1: nesse período a Foz do Brasil, que pertence ao grupo, recebeu um aporte entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões do FI-FGTS, que era pilotado pelo ministro; coincidência número 2: nesse mesmo período, a Embraport, também da Odebrecht, recebeu aporte de R$ 450 milhões.
À frente da Secretaria Nacional de Aviação Civil, Moreira Franco foi em 2013 responsável pelo projeto de concessão dos aeroportos e os próximos da fila são o Galeão, no Rio de Janeiro, e o de Confins, em Minas Gerais. Estranhamente, os editais dessas licitações limitam a concorrência, ao impedir que grupos que participaram de disputas anteriores, como as de Brasília e Campinas, entrem nos novos leilões. Com menos competição, o governo arrecadará menos. No entanto, Moreira Franco levantou a tese que o modelo dos leilões impede monopólios privados, como se o passageiro que toma um avião no Rio de Janeiro pudesse optar por voar de Brasília, por exemplo.
Em sua coluna, em 28 de julho de 2013, Jânio de Freitas apontou o dedo de grandes empreiteiras, em especial da Odebrecht, no modelo do edital. "Todas com participação das maiores empreiteiras, Andrade Gutierrez, Mendes Jr., OAS, Camargo Corrêa, todas -entre elas, claro, a Odebrecht, uma espécie de detentora de exclusividade sobre o Galeão, cujos dois terminais, os tais "novos" e péssimos, as pistas, acessos e tudo mais lhe foram entregues, como sempre, em concorrências (
"""""""""""""""": ponha aspas à vontade)", disse ele.
Entenderam em nome de quem Moreira Franco opera?
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- Claudio Tognolli - é jornalista há 35 anos e já passou por "Veja", "Jornal da Tarde", "Caros Amigos", "Joyce Pascowitch", "Rolling Stone", "Galileu", "Consultor Jurídico", rádios CBN, Eldorado e Jovem Pan e "Folha de S. Paulo". Ganhou prêmios de jornalismo e literatura como Esso e Jabuti. É diretor-fundador da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e membro do ICIJ (International Consortium of Investigative Journalism). Professor da ECA-USP, escreveu 12 livros.
https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/
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