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Haverá quem possa desmafagafizar nosso ninho de mafagafos? Por Maria Helena RR de Sousa

13.10.2017  |  154 visualizações

...Não sei se os mais jovens conhecem o termo mafagafos, tenho a impressão que isso está em desuso. Por via das dúvidas, adianto aqui o significado, segundo alguns dicionários: mafagafos são malandros...

Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 13 de outubro de 2017      

O Brasil enfrenta um momento curioso. Finalmente conseguimos empatar o maior trava-língua da língua portuguesa à nossa vida diária: ‘num ninho de mafagafos, seis mafagafinhos há; quem os desmafagafizar, bom desmafagafizador será".

Pois é, o ninho de mafagafos está aí, à vista de todos. Quem vai conseguir acabar com os mafagafinhos e mafagafões?

Não sei se os mais jovens conhecem o termo mafagafos, tenho a impressão que isso está em desuso. Por via das dúvidas, adianto aqui o significado, segundo alguns dicionários: mafagafos são malandros...

O noticiário é pródigo em situações que nos põem com a orelha em pé. Começo com o indigitado Cesare Battisti. Ao ouvi-lo declarar a uma emissora de TV que ele tem total liberdade para entrar e sair neste país e não vê-lo detido imediatamente após essa ofensa ao Brasil, eu me senti profundamente humilhada. Foi ou não foi o cúmulo da audácia?

Continuemos com as notícias.

Por exemplo: a madrasta de Isabella Nardoni, a menininha que foi atirada de uma janela por pai e madrasta, saiu da cadeia no Dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, que também é o Dia das Crianças. Tem toda a lógica, não é? Assim como teve lógica a saída de Suzanne van Richtoffen, que planejou e colaborou no assassinato de seus pais, da prisão, num Dia das Mães há algum tempo atrás!

... Não é que a cidadã mais honesta do Brasil continua a dizer que só autorizou a compra baseada em informações estritamente técnicas? Acreditar que ela não tivesse se informado sobre a situação daquela refinaria antes de assinar a autorização...

Mas vamos em frente: qual a notícia que mais causou alvoroço nas redes sociais, que são, em realidade, os botecos de nossos dias? Descobrir que Carlos Arthur Nuzman renunciou à presidência do COB após ser apanhado com a boca na botija ou saber que o curador da mostra ‘Queermuseu’ notificou o prefeito do Rio, Marcello Crivella? Parece que as pessoas se esquecem que das Olimpíadas, ao partir e repartir, Nuzman ficou com a maior parte. E que o nome ‘Queer’ para a citada exposição de artes não foi dado pelo pastor-prefeito, mas sim por seu próprio curador. E ‘queer’, é bom lembrar, quer dizer ‘estranho(a)', 'esquisito".

Tem mais, tem mais. No meio de todos os “sou inocente”, “não fiz nada disso”, “sou cidadão inatacável” que ouvimos repetir a toda a hora, o mais engraçado foi a declaração de dona Dilma, agora, a respeito do bloqueio de seus bens como punição pelos desmandos da compra da refinaria de Pasadena. Não é que a cidadã mais honesta do Brasil continua a dizer que só autorizou a compra baseada em informações estritamente técnicas? Acreditar que ela não tivesse se informado sobre a situação daquela refinaria antes de assinar a autorização é achar que ela é ignorante do assunto e da ciência que a levou a ser Ministra das Minas e Energia!. Vai ver dona Dilma prefere ser tomada como... será que posso dizer ‘pouco inteligente’?

Agora piso em terreno escorregadio. Não consigo compreender a postura de certos ministros do STF. A longa sessão de ontem no STF foi um castigo para quem está interessado nos destinos do Brasil.  O ministro Gilmar Mendes desperta meus mais antipatrióticos instintos, devo confessar...

Decisão judicial se cumpre! Era assim até ontem 11 de outubro. De agora em diante quem dá a palavra final sobre o afastamento de parlamentares não é o STF, a mais alta corte do país. A última palavra é, acreditem, do ninho de mafagafos! 

Mas ao menos tive a alegria de ouvir o voto e os comentários do ministro Luis Roberto Barroso. Gosto do seu modo de falar; ele usa uma linguagem corretíssima, mas que está sempre ao alcance de todos nós. Dá orgulho ver um fluminense que merece nossa atenção e que não está preocupado em ser vedete.

Fora isso, como é mesmo que se diz por aí? Decisão judicial se cumpre! Era assim até ontem 11 de outubro. De agora em diante quem dá a palavra final sobre o afastamento de parlamentares não é o STF, a mais alta corte do país. A última palavra é, acreditem, do ninho de mafagafos!

Deixo aqui um beijo para as crianças, alegria de nossas vidas,  e que andam tão carentes de mais amor e cuidado do Estado.

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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.

https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa