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Diário Grande ABC

Todo Bolsominion tem razão. Coluna Carlos Brickmann

EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 23 DE JANEIRO DE 2022

21.01.2022  |  208 visualizações

bolsominion - burro

A Primeira Lei da Política é a sobrevivência. Candidatos a qualquer posto adoram estar num partido forte (daqueles cujo apoio vale cargos), onde haja acesso a quem manda chover na sua horta, em que todos ajudem sua eleição. Nem é preciso gastar dinheiro com pesquisas: um partido com chances e bom dinheiro atrai políticos. O contrário também vale: o partido até pode parecer forte, mas se o pessoal quer sair é porque há algum buraco no casco. Rato é ótimo para perceber que esses furos existem. Percebe e cai fora.

Que é que dizem as pesquisas sobre a eventual reeleição de Bolsonaro? A menos que o caro leitor seja especialista em campanhas, não perca tempo. A ministra Damares quer o cargo ambicionado por Janaína Pascoal. Bolsonaro quer Tarcísio disputando o Governo paulista (o que ele fará assim que souber onde fica São Paulo), mas o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, quer também disputar o cargo.

Weintraub&Irmão já brigaram com Carluxo e com Eduardo Bolsonaro, até há pouco seus ídolos. Olavo de Carvalho fala mal de Bolsonaro (e, suprema grosseria, mandou-o enfiar uma condecoração justo na porta de entrada do Aristides). Allan dos Santos, foragido nos EUA, esteve com Fábio Farias, ministro da Comunicação, e em seguida ambos se dedicaram a trocar insultos. Weintraub&Irmão desceram a lenha no Centrão, logo depois de Bolsonaro lembrar que é Centrão desde que começou a fazer política. Mas Justiça seja feita: nenhum está mentindo.

Todos eles têm razão.

Rachou mas não foi ele

Bolsonaro briga com facilidade com seus amigos, mas alguns mantêm a amizade há muitos e muitos anos. Waldir “Jacaré” Ferraz, por exemplo, não apenas é amigo de Bolsonaro como de seus filhos, os zeros à esquerda. Que é que diz Jacaré? Que o esquema da rachadinha existia, sim, nos gabinetes parlamentares de Bolsonaro, de Flávio e de Carlos.

Mas o esquema não era deles, que aliás nem sabiam do que se passava, nem notavam o dinheiro extra na conta: o esquema, segundo Jacaré, era montado por Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro. Mas, a seu ver, Bolsonaro pode ser preso por causa disso: “Quem assinava era ele. Ele vai dizer que não sabe? É batom na cueca. Como é que você vai explicar? Ele está administrando. Não tem muito o que fazer (…) Acho que ele vai ter problema se não for reeleito. Vai tudo cair, vai perder o foro privilegiado e tal”. Mais? “Ele, quando soube, ficou desesperado, era uma fria. O cara foi traído. Ela que começou tudo. Bolsonaro nunca esteve ligado em nada dessas coisas. O cara não tinha visão do que estava acontecendo por trás no gabinete”. O apartamento nem era dele, era de um amigo (opa!!! Esqueça essa frase, é de outro caso estranho).

Escreveu, não leu

Eduardo Bananinha, filho 03 de Bolsonaro, disse que Jacaré não tinha dito nada. A revista Veja, que fez a entrevista, colocou as gravações no ar. Ana Cristina dá sua versão: “Não sou mentora da rachadinha. Ele (Bolsonaro) me chamava de sargentona, mas quem mandava no gabinete era ele. Quem assina as nomeações e exonerações é o parlamentar. Não faz sentido assinar sem ler porque todos eles são bem instruídos”.

Desmarrecando...

Quando decidiu se candidatar, Sergio Moro tomou algumas providências: escolheu um partido que lhe conviesse, acusou Bolsonaro e Lula de quererem o poder pelo poder, já que não têm projeto de país, e procurou dar um jeito naquela voz estridente, que o levou a ganhar o ótimo apelido de Marreco de Maringá. O partido talvez dure pouco: o Podemos é pequeno, com pouca verba de campanha. Moro negocia com um novo partido, o União Brasil, fusão do DEM com o PSL, que tem muito dinheiro e, flexível, se adapta bem a cada Estado (Luciano Bivar, cacique do União Brasil, quer ser seu vice).

...e se adaptando

Projeto de país, Moro também não tem: parece que é a favor do que é bom e contra o que é ruim. Quer pagar mais aos professores, melhorar a Educação, reforçar a segurança – tudo o que todos querem, mas como fazer? Em compensação, a voz parece estar melhorando. Já é possível escutá-lo sem dor nos ouvidos. Mas é pouco para quem imaginava chegar chegando, como candidato para ganhar. Quer mudar de partido porque no atual não se vê decolando. E acredita (é novo no ramo) que trocar de partido lhe dará força.

Número quente

Dos jornais: “Salário médio pago por estatais sob controle da União chega a R$ 34,1 mil”. Lembra do Imposto Ipiranga, que prometia não só reduzir drasticamente o número de estatais sob controle da União como, no primeiro ano, arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações? E esqueçam a pandemia: no primeiro ano do Governo Bolsonaro ninguém tinha ouvido falar de Covid.

Elza, para sempre

Frase do colunista Ruy Castro resume com perfeição a vida artística de Elza Soares: “Cantava como uma deusa, dançava como um demônio”.

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