Parabéns! Na próxima segunda-feira, dia 30, o caro leitor finalmente começa a trabalhar para manter sua família. Até lá, de 1º de janeiro a 30 de maio, trabalhou para pagar impostos. Afinal de contas, alguém tem de pagar as lagostas do Supremo, o Viagra e as próteses penianas das Forças Armadas, as férias e as picanhas de quase R$ 2 mil o quilo do presidente Bolsonaro.
O cálculo é do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Há outras contas como esta. O Impostômetro deste ano atingiu R$ 1 trilhão no dia 3 de maio. No ano passado, só chegou a este número no dia 19. E boa parte do comércio de Belo Horizonte decidiu tirar os impostos dos produtos no dia 2 de junho. Haverá significativa redução de preços – às vezes, mais de 50%. Remédios, por exemplo, pagam 33,87% de taxas e impostos. Pelo menos um posto vai vender gasolina 36% mais barata. Uma loja colocará à venda 200 botijões de gás de cozinha com o desconto dos impostos. Uma rede de farmácias venderá produtos de higiene com descontos de 40%.
“Os altos impostos, junto com a inflação, corroem o poder de compra do brasileiro. Caso não tivéssemos taxas tão altas ou, pelo menos, houvesse retorno em serviços públicos de qualidade como saúde e educação, a economia brasileira estaria muito mais avançada”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, Marcelo de Souza e Silva.
Impostos são essenciais. Mas pelo jeito estão abusando, abusando muito.
Importante
Não é todo o comércio de Belo Horizonte que irá arcar com os tributos. É bom se informar sobre quem aderiu. E comprar antes que acabe o estoque.
Tira, põe...
A troca de presidente da Petrobras não segura preços: se sobe o petróleo, cedo ou tarde o caro leitor vai pagar. Se demorar, os acionistas minoritários podem processar a empresa, cobrando os dividendos que não receberam. Mas o alvo da troca é outro: o presidente só pensa na eleição. Parte dos eleitores acreditará que Bolsonaro muda o comando da Petrobras para baixar o preço. Mas não é só isso. O ministro Paulo Guedes fala faz tempo em espaçar os aumentos, com a desculpa de “evitar que a volatilidade do mercado internacional prejudique o consumidor”.
Em bom português, estamos no fim de maio. Digamos que em junho os preços “evitem a volatilidade” e se mantenham estáveis até a eleição. Só depois voltam a subir.
...deixa ficar
Há dois problemas no caminho: o novo presidente da Petrobras precisa ser aprovado pelo Conselho, e há quem sustente que ele não preenche os requisitos das normas de governança da Petrobras; e acionistas minoritários podem processar Conselho e presidente da empresa em Nova York, onde a Petrobras está na Bolsa.
Os advogados são caríssimos, as indenizações altíssimas as multas pesadíssimas. Quem se dispõe a correr o risco pessoal?
A vez de Simone
Pela união dos partidos que não aceitam Bolsonaro nem Lula, João Doria abandonou a candidatura. Chegou a vez de Simone Tebet? Talvez: há ainda no PSDB quem queira candidato próprio, desde que não seja Doria. O nome é o de Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, favorito de Aécio Neves.
Só que, em silêncio, Aécio quer Bolsonaro. Foram os bolsonaristas do Congresso que o acolheram e lhe deram um cargo importante numa comissão poderosa, que amplia seu poder de articulação. O PSDB? Ele prefere o partido enfraquecido, sem alianças, sem chances. Com isso, tira votos da Terceira Via e facilita a vida de Bolsonaro. Boa parte do PSDB fica feliz com isso: apoia Lula ou Bolsonaro, conforme o Estado, e gasta o Fundo Partidário na eleição para o Congresso.
Simone, só se crescer rapidinho.
Coração ferido
Ninguém se iluda: Doria fica no PSDB e tentará se vingar de muita gente. Ninguém espere que ele lute por Rodrigo Garcia para o Governo paulista.
As pesquisas da semana
Hoje, saem as pesquisas Real Time/Big Data e PoderData. Na sexta, e a vez da XP/Ipespe. Pela primeira vez, sem Doria na lista de candidatos.
Os debates
Lula irá a todos os debates, só a alguns ou a nenhum? E Bolsonaro, que não foi aos debates e ganhou a eleição de 2018? Não se sabe. Mas já há nove debates marcados no primeiro turno. Folha de S.Paulo e UOL farão o seu em 22 de setembro, só pela Internet.
Todos os outros serão por TV, rádio ou ambos. Rompendo a tradição, a Rede Bandeirantes não fará o primeiro: o seu debate é o terceiro, em 14 de agosto. A CNN fará o primeiro, em 6 de agosto, seguida pela Pan, no dia 9. Seguem-se Bandeirantes, 14 de agosto, Rede TV, 2 de setembro, Globo/CBN/Valor, 8 de setembro, TV Aparecida, 13 de setembro, Folha/UOL, 22 de setembro, SBT/O Estado de S. Paulo/Veja/Nova Brasil FM, 24 de setembro, Rede Globo, 29 de setembro.