Abertura Exposição: 23 de setembro,quarta-feira, 21h
De 24 de setembro a 18 de outubro de 2009, 3ª a domingo, das 11h às 19h
São Paulo - Chegou como tinha de ser, na cidade mais cosmopolita do país, a Galeria de Arte Rhys Mendes. E já começa mostrando seu diferencial, com as exposições individuais do paulistano Lucas Arruda e da mineira Carolina Cordeiro, dois expoentes da vanguarda artística que sempre desfilará por lá, a partir de agora. A Abertura será hoje, quarta-feira, 23, na Rua da Consolação, 3368. A Rhys existe há quase três anos em Los Angeles, há outra, com um espaço maravilhoso na região metropolitana de Belo Horizonte (Nova Lima) e agora está em São Paulo. Realização de gente jovem, ativa interessada e interessante: Colin Rhys, Pedro Mendes e Matthew Wood.
O americano Colin Rhys ficou conhecido em 2003 como o mais jovem galerista dos Estados Unidos, quando ainda era aluno de História da Arte na prestigiosa Tufs, em Boston, e abriu sua primeira galeria, a Rhys. Era em um galpão na cidade, que logo virou centro de contato e arte boa. Em 2007, Rhys associou-se ao brasileiro Pedro Mendes e ao franco-americano Matthew Wood, formando assim a Rhys Mendes Galeria de Arte. Em 2008, mudaram para Los Angeles e abriram também seu espaço fantástico em Nova Lima, cidade vizinha a Belo Horizonte, no bairro do Jardim Canadá.
Juntos, os três sócios acreditam que o colecionismo de arte não tem nacionalidade e portanto devem escolher seu time de artistas pela qualidade e não pela geografia. Arte contemporânea sem fronteiras. Assim, a Rhys Mendes Galeria de Arte se tornou conhecida por seus projetos vanguardistas mesclando artistas brasileiros e estrangeiros.
"A nossa vinda para São Paulo representa uma nova fase para o nosso trabalho. Essa cidade concentra uma das mais fortes cenas artísticas da América Latina", ressalta Pedro Mendes.
"Nos trabalhos de Lucas Arruda a atmosfera de tranqüilidade e o silêncio são apenas aparentes. Eles parecem não se conformar com o mundo a sua volta, pois não é tarefa fácil querer silêncio e lentidão em tempos de cultura do exagero e do excesso. Nessas telas, a busca por esse outro mundo também é a
busca da pintura por seu lugar no mundo. Uma procura que deixa marcas e não se deixa apaziguar pelo próprio fazer. É através das cores que as relações entre os elementos presentes no plano se estabelecem. É na sua presença e na relação delicada entre elas que o silêncio se constrói e tenta se sustentar.
Em alguns momentos as formas se mostram reconhecíveis. Podem ser pés de mesas, bancos ou garrafas, mas valem por seus formatos e pelas relações que estabelecem entre si e não por suas funções. São como aparições anônimas, sem vida própria.
Estão mudas, estáticas, impassíveis. Elementos comuns e lugares de passagem recobertos com tinta, impregnados pelo processo do fazer, eliminando marcas ou rótulos de identificação que possam desviar a atenção da forma essencial. O artista parece estar preocupado com os campos de força que as coisas estabelecem entre si e com a maneira com que dialogam com a construção do espaço vazio que as cerca. Uma possibilidade de existência fruto não de uma conciliação, mas de um equilíbrio tenso que pode se desfazer a qualquer momento.
[trecho do texto Still Life: o tempo e o mundo na/da arte (2008) de Fernanda Lopes]
Os 100 tabuleiros de Carolina Cordeiro se inserem em um longo continuum da abstração geométrica da America Latina. A artista transforma objetos cotidianos e cenas do dia a dia em monumentos ao fazer diário. Faz do mundano seu fio condutor ao misterioso, ao transcendente, ao indizível.
A artista trabalha em um circuito aberto entre a memória coletiva e as tradições populares: aparecem tabuleiros, o terreiro de casas antigas, ou momentos de uma partida de futebol...
Nos tabuleiros. o campo de futebol é o cotidiano nosso, as demarcações são passos nossos, feitos de farinha e óleo. As marcas deixadas são apagáveis de fato, mas impregnadas de um significado inapagável. O gol é uma enorme boca, nosso desejo, e trave, nossos entraves.
No trabalho de Carolina, o tabuleiro passa a ser forma e fôrma, repovoando um mundo onde nomes, funções e utensílios tornam-se campos de força entre o concreto e o infinito.